RHB - Pode parecer um tanto piegas, mas é um grande prazer estar realizando esta entrevista com vocês. Dewindson Wolfheart: Nós quem estamos lisonjeados pelo espaço, muito obrigado! É um grande prazer conceder uma entrevista para uma publicação com o nome “RAVENS HOUSE BRASIL”, estou me sentindo em casa (risos)
RHB - Quanto tempo de estrada tem a banda Ravenland e quais as principais influências?
Dewindson Wolfheart: Formei a banda em 1997, logo em 1998 lançamos nossa primeira Demo-Tape - “October of 1998”, no ano seguinte lançamos outra “Live at Kalimar” (1999) e após inúmeros shows e uma boa repercussão das nossas primeiras demos, assinamos com uma gravadora independente, a MOONSHADOW para o lançamento do nosso primeiro disco “After the Sun Hides”(2001), mas devido a algumas mudanças na formação e outros problemas como a gravadora que veio a fechar, o disco não chegou a ser lançado, ainda tentei levar a frente a banda até 2003 quando participamos do CD tributo ao grupo de Dark Metal da grécia Rotting Chist, depois disto, fui morar em Fortaleza por dois anos e a banda ficou desativada.Foi quando a Camilla me convenceu a reativar a RAVENLAND em 2006, nos mudamos para São Paulo, lançamos o Single “Velvet Dreams” (2006) e o EP “Back” (2008)e agora está sendo lançado o “...and a crow brings me back” (2009).São onze anos, mas se não contarmos os três anos que estivemos desativados, seriam oito anos de atividades.
Desde o início as principais influências são as mesmas até hoje, a atmosfera melódica e sombria do gótico aliada ao peso e a energia do Metal. Livros, filmes e contos seriam as nossas influências mais específicas para compor as letras, mas no lado musical, pelo menos pra mim, grandes bandas do metal gótico europeu me serviram de base no início para que eu desenvolvesse a minha linha de vocal, como Vorph do SAMAEL, Peter Stelle do TYPE O NEGATIVE, David Gahan do DEPECHE MODE, Adrian Hates do DIARY OF DREAMS e Stephan do DARKSEED.
RHB - Todos os músicos se juntaram somente pra dar corpo à banda ou já tinham outros projetos musicais?
Dewindson Wolfheart: Não, a RAVENLAND, sempre foi uma banda, e inclusive, todos os músicos que estão nela se dedicam 100%, a RAVENLAND não é um hobby, nem um projeto, é a minha vida e a da Camilla, agora podemos dividir este sonho com mais três pessoas, o Albanes, Cruz e o Tropz.O João Cruz tem um projeto dele, mas mantém-se 100% dedicado a RAVENLAND, a Camilla tem planos de fazer um projeto solo futuramente, algo diferente do que ela faz na RAVENLAND, não que para isso eles venham deixar a banda, mas para que possam satisfazer os seus próprios gostos pessoais acredito, eu mesmo, por exemplo, tenho vontade de um dia fazer algo só para gravar, meio na linha DIARY OF DREAMS.
RHB - Qual o ponto de vista do Ravenland sobre viver de música (sobretudo, a gótica) no Brasil, um lugar conhecido como a terra do samba, suor e cerveja?
Dewindson Wolfheart: (risos) Bem, a RAVENLAND conseguiu fazer um som que é meio termo, nem é totalmente Heavy Metal, nem é totalmente Doom, nem é totalmente gótica, nem é totalmente pop, e mesmo assim possui fortes elementos de todos estes tipos de som, por isso acreditamos que está dando certo e conseguindo manter-se.
Sobre fazermos isso num país conhecido pelo samba, suor e cerveja, heeheh, é justamente por isso que existe público querendo o contrário, Doom, frio e vinho. Já para compor, acredito que as pessoas não viram góticas, elas já nascem com a alma melancólica e por isso, independem de coisas externas como a nossa cultura para compor um som frio.
RHB - Quais os lugares que a banda já se apresentou e como foi a aceitação do público? Dewindson Wolfheart: Nós já nos apresentamos no Nordeste, Sul e Sudeste do nosso país, em todos estes lugares o público se mostrou presente e valorizou muito o nosso som, inclusive todo o nosso merchandise; CD, chaveiros, camisas e bottons... Tudo isso esgota logo, não só as vendas, mas os elogios ao fim dos shows, dificilmente fazemos um show e saímos fora, sempre ficamos e conversamos com o público, daí sempre ouvimos coisas boas.
RHB - Como ocorreu a aliança da Ravenland com a Lady Snake, uma das mais conceituadas grifes de metal de São Paulo?
Dewindson Wolfheart: A
LADYSNAKE é uma das maiores grifes de Rock/Metal em nosso país e a quê mais investe em Rock/Metal, por isso formaram um cast de bandas, cada uma representante maior do seu segmento para usar e representar a marca, como é o caso do HANGAR, TORTURE SQUAD, KORZUS, SHADOWSIDE, DR.SIN, GENOCÍDIO e a RAVENLAND acredito que nós somos uma das bandas escolhidas para representar o estilo Gothic Metal dentro deste cast. Faz um ano que estamos com esta parceria, a Sônia, o Sérgio e a Márcia, acreditaram no nosso som e em nosso objetivo profissional, e nós temos orgulho de ter esta parceria, ela surgiu após o lançamento do nosso EP “Back”.
A
LADY SNAKE tem uma excelente visão administrativa, industrializam os melhores modelos com a melhor qualidade, por isso estão firmes no mercado, principalmente um mercado incerto atualmente como o do Brasil, tem que ter muita atitude para se firmar como eles se firmaram. Os seus diretores são excelentes pessoas e isso explica o sucesso da marca.
RHB - Profissionalmente falando, a Ravenland já recebeu convites para abrir show de bandas gringas aqui em São Paulo?
Dewindson Wolfheart: Já, fomos “convidados” para abrir vários shows de bandas gringas, não topamos porque alguns organizadores cobram para isso, nós não pagaremos nunca para abrir um show, pois o produtor de um show tem que valorizar as bandas nacionais, tem que ver a banda de abertura como um artista que vai somar público, e que este artista pode fortalecer ainda mais a cena brasileira e até mundial como o SEPULTURA, KRISIUN e o ANGRA fortaleceram.Recentemente estávamos confirmados 100% para abrir o show do TO/DIE/FOR, mas a banda encerrou as atividades no meio desta semana (entrevista feita no início de Abril).
Existe outra banda do exterior que está agendando uma tour este ano aqui no Brasil e em outros países da América latina e seu líder cogitou-nos como banda de abertura não só aqui no Brasil mas nos outros shows da América do sul, estamos vendo se os produtores irão fechar a idéia. Seria algo pro segundo semestre.
RHB - O clipe para a música "End of Light", desenvolvido pelo diretor e produtor Luiz Amorim, foi gravado no famoso (e assombrado!) castelo da Rua Apa. Qual foi a sensação de trabalhar em um ambiente envolto de mistérios ? Dewindson Wolfheart: Desde que vi o castelinho da rua Apa pela primeira vez passando em frente, já fiquei apaixonado pela sua arquitetura, depois que conheci a sua história através do programa de TV da Rede Globo Linha Direta, percebi que aquele local seria o cenário ideal para um dia poder gravar um clip, não demorou muito para que a oportunidade surgisse, foi um pouco complicado para conseguir a liberação, tivemos várias reuniões com a ONG que reside no castelo, com uma Seguradora e ainda assinamos um documento para poder liberar as imagens.
O Luiz Amorim trabalhou bem, infelizmente tínhamos pouco tempo para gravar, e ainda tivemos que gravar em um único dia que ainda por cima choveu, por isso não fizemos tantas imagens externas do castelo, mas mesmo assim ficou excelente o trabalho feito pelo Luiz, um excelente produtor e realmente dedicado no que está desenvolvendo. Não só ele mas toda a equipe que participou do clipe foi fantástica, como a atriz Elaine Thrash e a equipe do programa Metalsplash que deu uma super força como contra-regras e o Ricardo Zupa que fotografou todo o making of.
A sensação de gravar lá foi sombria, pois você se imaginar cantando uma música como a End of Light em um local com uma história de amor e morte, foi como se estivéssemos invocando o passado, estivéssemos cantando para os mortos, ou trazendo algo de volta a vida. Logo eu que sempre adorei viajar nas letras do King Diamond que falam de histórias como esta da família que residia lá.
Mas o objetivo principal de termos gravado no castelinho foi o de podermos contribuir com a ONG que tenta hoje recuperar o Castelo através de uma campanha e poder assim mantê-lo como sede de ajuda a pessoas que procuram familiares desaparecidos e apoio a pessoas de rua.
O vídeo pode ser conferido
AQUI.
RHB - Como foi trabalhar com feras como Tommy Lindal, Nightwish e Waldemar Sorychta?
Dewindson Wolfheart: Tommy Lindal é um norueguês de extrema simpatia, muito gente fina, grande amigo nosso e que surgiu o contato entre nós após sabermos através de um afilhado meu que ele tinha admiração por nosso som.
Então a Camilla deu a idéia de o convidarmos para participar do disco e ele aceitou com muita felicidade. Para quem é fã do THEATRE OF TRAGEDY antigo, a marca dele está lá, deixou os seus traços em duas músicas nossas com arranjos desenvolvidos por ele mesmo. Confiram depois, algumas guitarras de The Crow e Velvet Dreams.O Waldemar, sempre fui fã do trabalho dele como produtor, pois ele produziu os álbuns que eu mais curti em minha vida como quase todos do MOONSPELl, do FLOWING TEARS, SAMAEL, mandylion do THE GATHERING, wildhoney do TIAMAT, o vovin do THERION e muitos outros recentes como todos do LACUNA COIL e o último do TRISTANIA. Ele elogiou nossa música através do myspace e daí surgiu a brecha para o convidarmos a trabalhar conosco.
RHB - Qual a opinião de vocês sobre o cenário gótico/metal do Brasil?
Dewindson Wolfheart: O cenário atualmente tem ótimas bandas surgindo, quando a RAVENLAND começou os seus dias, havia somente o PETTALOM, o SILENT CRY e algumas bandas de Doom metal que já estavam dando alguns passos para o gótico como o SERPENT RISE e o IMAGO MORTIS.Hoje existem vários nomes, como o ...IN DEVILTRY (banda do Tommy Lindal), SUNSETH MIDNIGHT, o LIBRA, e muitos outros, além de shows internacionais com bandas do estilo que estão passando a vir com mais freqüência. Mesmo melhor que no passado, a cena ainda está em crescimento, esperamos que possam haver mais casas de shows e clubes virados ao estilo em outros estados, como acontece aqui em São Paulo.
RHB - Quais os planos da Ravenland para o ano de 2009?
Dewindson Wolfheart: Após a gravadora FREE MIND lançar o nosso disco, pretendemos fazer um mídia legal durante os três primeiros meses para que possamos fechar shows em todo o país para divulgar ao máximo o disco, assim como também estamos a busca de uma gravadora no exterior para lançar o disco em outros países, visto que o nosso contrato com a FREEMIND apesar de distribuir na Alemanha e Estados Unidos, eles vão lançar somente no Brasil.
Já estamos analisando algumas propostas. Fora isso pretendemos começar a compor o segundo álbum ainda no segundo semestre, pois o primeiro demorou muito pra sair, pretendemos tirar o atraso agora e em breve termos mais material novo para os fãs.
RHB - Muito obrigado pela atenção e esperamos que o sucesso apareça rapidamente com uma revoada de realizações.
Dewindson Wolfheart : Nós quem agradecemos pelo espaço cedido e gostaríamos de desejar muito sucesso a RAVENS HOUSE BRASIL também. Gostaríamos de pedir aos fãs que adquiram o nosso disco “...and a crow brings me back” e que compareça ao nosso show para comprovar a energia que passamos.Um forte abraço sob as asas dos corvos da RAVENLAND.
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